Introdução
“Não existe mais escravidão!“
É melhor rever seus conceitos!
A escravidão, no Brasil, foi oficialmente abolida em 1888. Isso no papel porque a realidade é bem diferente.
Ainda hoje vemos trabalho escravo em alguns pontos do território nacional, e mundial também, porém eu sobrevivo aqui e escreverei sobre esse lugar.
Etimologia
Primeiro vejamos um pouco da etimologia da palavra:
escravo
Do latim - sclavu
s. m.
1. Cativo, o que vive em absoluta sujeição a outrem.
2. Pessoa dominada fisicamente ou psicologicamente por algo ou alguém
3. Súbdito de um tirano.
4. Fig. Dependente; dominado por um sentimento, uma idéia.
5. Enamorado.
6. Trás-os-M. Maltratado, mal alimentado.
ser escravo da sua palavra: cumpri-la custe o que custar.
Em outras palavras, não existe forma de escravismo saudável, uma pessoa que gosta de ser escrava, por qualquer motivo que seja, não desfruta de uma boa sanidade mental.
Para aqueles que acreditam que a palavra remete obrigatóriamente à idéia de índios ou negros, aqui vai o porquê da palavra:
A palavra escravo serve para que tenhamos uma visão mais ampla do problema da escravidão, muitas vezes situada apenas em termos da escravidão negra. Faz-se necessário entender que a escravidão era uma prática plenamente aceita, assim como a guerra e o saque, em tempos bem mais cruéis que os atuais. A escravidão primordial, que se estendeu por toda a Antigüidade, era basicamente uma escravidão de homens brancos, o que é cabalmente demonstrado pelo fato de a palavra escravo ser oriunda de sclavu(m), que por sua vez provém de slavu(m), que significava eslavo, um povo que vivia nas fronteiras do Império Romano e era freqüentemente capturado para servir de escravo, daí a evolução do significado da palavra para o significado que permanece até hoje.
Afrânio Garcia (UERJ)
A Escravidão nos Tempos Modernos
Qual então a primeira idéia que temos quando ouvimos a palavra escravo?
Uma pessoa totalmente dependente de alguém ou algo, sendo que esses já possuem uma imagem formada e fixa em nossas mentes e jamais mudaremos essa idéia até que uma situação muito desagradável nos acorde.
A partir do momento em que o homem deixou de viver pela própria subsistência, ele anseia por conseguir algo que algum semelhante possui. Dessa idéia nasceu o comércio e conseqüentemente o “salário”. Algo que eu faço em troca de algo feito por você.
Isso parece muito saudável pelo fato que eu faço o que tenho que fazer, com ou sem aquilo que outros possam me oferecer, terei minha integridade intacta.
Muitos e muitos anos passaram até chegarmos à era industrial. Aquilo que eu fazia artesanalmente agora é feito em larga escala e mesmo tendo menos trabalho que antes, ainda assim cobro muito mais caro pelo produto. O sal, outrora usado como moeda, há muito tempo fora substituído por peças de metal cunhadas com gravuras de personagens influentes no meio social. Minha mercadoria vale agora muitas peças dessas. O que antes se trocaria por algo que uma pessoa poderia fornecer naturalmente, hoje se exige que aquilo tenha valor em “Moeda”.
A moeda faz com que algo insignificante tenha muito valor e algo de grande estima não valer nada.
Com a população mundial aproximando-se dos 7 bilhões de pessoas, o Brasil sendo 190.732.694, o consumismo vem encabeçando como tendência mundial e pra isso o “Dinheiro” se faz cada vez mais necessário.
Mal necessário? Acredito ser cérebro desnecessário!
As cidades super populosas, a era tecnológica trazendo cada vez mais novidades que enchem os olhos de qualquer pessoa, bens de consumo ilusoriamente cada vez mais próximos de serem conquistados. Quantas coisas o dinheiro pode comprar e tão somente ele, nada mais.
Então o cidadão trabalha como um louco, soa, sangra, se humilha, perde sua dignidade e seu respeito para conseguir seu atual ídolo, o tão almejado objeto de desejo. O passaporte para sua dependência eterna, em outras palavras, escravidão.
O método de escravização hoje é muito bonito e prático. Alguém passa a vida estudando (não pelo prazer de aprender e sim para não morrer de fome no futuro), quando finalmente chega ao segundo grau consegue seu primeiro estágio, o “escraviário”, forma carinhosa de se tratar estagiários realiza 70% das tarefas feitas pelo profissional qualificado, quando não faz todas e um pouco mais, não recebe nada ou quase nada, e não tem muitos direitos senão o de ficar em silêncio. Hoje com as novas regras para estágio, as empresas super espertas estão dispensando seus estagiários e deixando de contratar outros, pois terão que dar algo para os escravinhos, coisa que antes não acontecia. Quase o mesmo acontece com estagiários do ensino superior, porém escraviários desse grau são pagos, na maioria dos casos. Esse sim exerce 100% dos trabalhos dos efetivos sempre recebendo 50% a menos que estes.
Isso não é regra, estagiários de escolas renomadas e universidades públicas, os quais normalmente possuem poder aquisitivo acima da média da “ralé”, não têm esse problema. Digo por que sei.
Finalmente chegamos aos escravos profissionais. A pessoa trabalha sob uma jornada de horas pré-estabelecidas e entre o tempo de fim e reinício dessa jornada e tem seu tão merecido descanso.
Pra que? Para que se possa sobreviver e não, viver!
Acredito que 90% dos brasileiros sobrevivem. Com sua vida escravizada ele não tem muito que fazer. Sua recompensa não lhe proporciona uma saúde digna, o mínimo de educação, um entretenimento que exalte sua inteligência e uma vida que possa dizer “Puxa, eu consegui fazer muito do que eu queria!”. Essas pessoas vivem uma semana corrida. Sempre ansiosas por um final de semana embriagado que lhes proporcionará uma forma de esquecer a semana que passou e de nem pensar na qual está por vir. Atitude típica de escravos que não suportavam a dor de fazer algo que não lhes acrescia nada.
Está mais que na hora dos brasileiro brigarem por sua lei Áurea, e dessa vez uma definitiva, para se livrarem dos grilhões que os separam da liberdade física, intelectual e moral. Chega de pensar que estão nos presenteando com empregos ordinários.
Empresas estrangeiras escravizam nossa mão de obra e ainda ficamos contentes e agradecidos?
Elas dizem que assim fazem por causa da política do nosso país. Não quero dizer que elas estão erradas, mas se as grandes empresas realmente quisessem mudar esse cenário, certamente conseguiriam. Não o fazem pois estão tirando vantagem disso.
Em breve o Brasil alcançará níveis realmente alarmantes de escravidão, então será tarde demais.
Bibliografia
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1766&id_pagina=1
http://origemdapalavra.com.br/
http://pt.wiktionary.org/wiki/escravo
http://www.filologia.org.br/soletras/2/11.htm